Comentários para coluna do jornalista da Veja:
Caro Reinaldo Azevedo,
Que você não faz jornalismo, eu já descobri acompanhando suas colunas nessas eleições. Você é um militante do PSDB, suas críticas, mesmo que contenham fundamentos, não tem um pingo da isenção necessária a um jornalismo com um mínimo de qualidade.
Agora, eu não sabia que você também era preconceituoso... Não sabia que você prefere ser paulista, só pelo fato de ser paulista e não pelo fato de “comer quieto”, “ser malando”, “ser sensual” ou “ser índio”. Esse teu discurso já denota sua visão enviesada e preconceituosa. Você não foi um dos que dividiu erradamente o Brasil em azul e vermelho? A mídia fez isso. A Mayara é fruto de vocês: Veja, Globo, Folha de São Paulo. Ela é fruto do “não saber perder”, fruto de tudo o que a mídia plantou para tentar virar as eleições. E todos nós sabemos que o Sudeste elegeu Dilma e ainda, se retirarmos os votos que a Dilma recebeu no Sul e colocássemos para o Serra, o Serra ganharia. Então, porque o mapa azul e vermelho?
Agora, eu tenho que dizer que concordo com você com algumas coisas... Não faz sentido algum, agora, a mesma mídia que dividiu o Brasil, vir criticar a Mayara. A Folha fazer isso é um absurdo e mais absurdo ainda é citar a vida particular da menina, já condenando-a antes de dá-la possibilidade de se defender. Mas com isso eu tenho que me acostumar. Vocês sempre condenam antes de julgar.
Também concordo que o “Correio” da Bahia não teve ética ao rotular a menina de “paulista”. Nisso você está corretíssimo. No entanto, você precisa entender que o preconceito sempre irá pesar para o lado mais fraco da balança. O nordestino sofre preconceito, o negro sofre preconceito, o pobre sofre preconceito. O paulistano não, o carioca não, o branco não, o rico também não. A ofensa só existe para a “classe” (chamemos assim) que sofre preconceito. Chamar alguém de “neguinho” pode ser ofensa, de branquinho, NUNCA. Chamar alguém de “Seu pobre”, pode ser preconceito, de “rico” NUNCA. Da mesma forma não devemos esperar que o rótulo “paulista” seja considerado preconceito, uma vez que os paulistas não sofrem preconceitos. Negar isso é não enxergar o óbvio. Querer que o Ministério Público processe o “Correio” da Bahia, por rotular a Mayara de “Paulista”, seria o mesmo que o Eike Batista pedir retratação por ter sido chamado de bilionário.
No entanto, repito: o “Correio” errou, porque não se combate o preconceito com a mesma moeda. Não se fica mais forte atacando, e sim se defendendo e aprendendo a tolerar.
Em outro aspecto que você errou feio, Reinaldo, foi rotular de mentira o fato de São Paulo ter preconceito contra o nordeste. São Paulo tem sim, o Rio de Janeiro também (sou do RJ), e os demais estados do Sul. O primeiro passo para combater o preconceito é admitir que ele existe e você não faz isso.
Depois da derrota do Serra, o twitter explodiu de mensagens ignorantes anti-nordestino. Mais ignorante ainda pelo fato de que não foi o nordeste que elegeu a Dilma, como eu já falei. Negar isso é negar que Sudeste e Sul tenham preconceito. Negar que estas regiões tenham preconceito é não combatê-lo e é perpetuá-lo. No entanto, não se combate preconceito elegendo a Mayara para bode expiatório ou pendurá-la numa cruz por um erro provavelmente impensado.
Muito menos se combate preconceito escrevendo um texto recheado deles, como esse teu. Você disse que “O país tem de aprender a equacionar as suas diferenças”, eu concordo totalmente, por isso te aconselho: analise suas próprias palavras e tente enxergar que o que você escreveu serve apenas para jogar mais lenha nessa fogueira.
Um abraço,
Sandro Chernicharo.
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